A reunião convocada para essa manhã entre as
centrais sindicais e a presidenta Dilma Rousseff não tinha o interesse
em discutir realmente a pauta dos trabalhadores. Nenhuma medida concreta
foi apontada, nenhum encaminhamento efetivo foi providenciado. A
presidenta falou 40 minutos, deu 5 minutos para cada central falar e
depois levantou-se e foi embora. Assim pode-se resumir a reunião.
Segundo um dos representantes da CSP-Conlutas, Paulo Rizzo, esse encontro foi apenas uma cena: “Para ingles ver”, disse.
A presidenta falou muito da sua proposta de pacto,
que começa com a defesa de mais ajuste fiscal, o primeiro ponto
abordado, e deu muita ênfase para o tal plebiscito sobre reforma
política. Segundo José Maria de Almeida, representante da CSP-Conlutas,
que também estava na reunião, o governo quer fugir dos problemas
concretos que estão colocados pelas ruas e pelas reivindicações dos
trabalhadores, construindo algum espaço de participação das pessoas.
“Construindo esse espaço desviaria a atenção das pessoas e a presidenta
poderia continuar aplicando no país, um modelo econômico que privilegia o
banqueiro, os grandes empresários, o agronegócio e, por isso mesmo,
continuaria sem recursos para acabar com o caos da saúde, educação,
moradia, transporte, etc", denuncia.
A
CSP-Conlutas acredita que são necessárias profundas mudanças no sistema
político brasileiro, por isso não aceitará esta enrolação que vem sendo
feita pelo governo. “Queremos o atendimento das reivindicações dos
trabalhadores e da pauta das mobilizações nas ruas.
Desde abril, entregamos uma pauta ao governo e não
tivemos sequer resposta. Não há solução para os problemas que afligem a
vida do povo dentro do modelo econômico que aí está”, ressalta Zé Maria.
Para a
Central, é preciso parar de pagar as dívidas externa e interna, pois
essa ação transfere metade do orçamento, todos os anos, para os
banqueiros e para os grandes especuladores. Enquanto isso não cessar não
haverá recursos para investir em saúde, educação, moradia, transporte,
enfim, naquilo que o povo precisa.
Paulo Rizzo
apontou ainda, em entrevista para o site da CSP-Conlutas, a necessidade
de parar a entrega do patrimônio do país. “É preciso acabar com os
leilões das reservas de petróleo e todo tipo privatização, reestatizar o
que foi privatizado. E é preciso parar de dar dinheiro para as empresas
com as ‘desonerações’ e isenções fiscais, e aplicar esses recursos em
políticas públicas que melhorem a vida das pessoas", ressaltou.
Se o
governo não demonstra nenhuma intenção de resolver os problemas, a
tarefa é aumentar a mobilização. Este é o desafio do momento. Fortalecer
as atividades do Dia Nacional de Lutas que acontece hoje (26) e amanhã
(27) e jogar força total na construção do Dia Nacional de Lutas com
Greves e Mobilizações, em 11 de julho, convocado conjuntamente por todas
as centrais sindicais. É hora de parar o Brasil inteiro para cobrar do
governo uma mudança de rumo no país e o atendimento das reivindicações
dos trabalhadores. Este é o caminho.
No entanto,
infelizmente, não parece que essa seja uma compreensão geral. A reunião
(e a coletiva de imprensa depois da reunião) demonstrou que há
dirigentes de centrais dispostos a participar desse jogo. “O dirigente
da CUT, por exemplo, se comprometeu a apoiar a iniciativa proposta pelo
governo e não há como defender de verdade as demandas dos trabalhadores
sem romper com este governo, sem ter a disposição de lutar contra ele e
seu modelo econômico. Ou se está do lado do governo, ou do lado das
mobilizações de rua e das reivindicações do próprio movimento sindical”,
enfatizou Zé Maria.
A CSP
Conlutas cobrou também da presidenta sobre a violência com que têm sido
tratados os manifestantes nas ruas da cidade pelo país. A Central
expressou particular preocupação com a situação hoje em Belo Horizonte,
com o enorme cerco feito pela polícia contra os manifestantes. Uma
violência, aliás, que tem outras facetas, como o assassinato coletivo
promovido pela Polícia Militar do Rio de Janeiro no dia de ontem (25).
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